Fenótipos na dermatite atópica canina: uma nova forma de enxergar a doença

Durante muitos anos espalhamos aos quatros ventos a ideia de que a distribuição lesional da dermatite atópica canina seguia um padrão único e específico como esse ilustrado na figura à esquerda. Mas a bem da verdade é que essa lógica tem mudado.

Atualmente sabemos que há uma variedade sintomato-lesional que pode variar de acordo com a raça, o chamado fenótipo racial. Essa diversidade é ilustrada na figura à esquerda, retirada de um estudo publicado ainda neste ano na revista Veterinary Dermatology.

Existem determinadas raças que podem cursar com predomínio de otite de repetição, enquanto outras com pododermatite e assim vai. Cada raça podendo seguir um padrão distinto. Isso mostra que a diversidade clínica depende de múltiplos fatores: genéticos, ambientais, estágio da doença e outros. 

O que isso muda para o clínico?

Eu diria que muita coisa. Primeiro, é necessário entendermos que a dermatite atópica canina pode ter “várias caras” e isso deve orientar nossa suspeição clínica. Outro ponto que enxergo é que os protocolos terapêuticos não podem ser aplicados seguindo uma única “receita de bolo”. 

Os fundamentos gerais permanecem intactos, como controlar prurido, inflamação, disbiose, etc, mas cada paciente precisa de um manejo individualizado, considerando tanto o fenótipo racial, a fase da doença (aguda ou crônica) e a individualidade propriamente dita.

Por fim, a medida que os estudos avançam, vejo que cada vez mais a dermatologia veterinária vai caminhar para uma abordagem diagnóstica e terapêutica cada vez mais personalizada e efetiva.

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Sobre a autora

Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.