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Dermatite atópica canina e peptídeos de defesa do hospedeiro (HDPs): quais são as últimas atualizações?

Atualizado: 10 de abr.

Recentemente a revista Veterinary Dermatology publicou uma série de revisões sobre a dermatite atópica canina (referência abaixo). Em uma dessas revisões foram abordados três sub-temas específicos: barreira cutânea, microbioma cutâneo e peptídeos de defesa do hospedeiro.


O que são os peptídeos de defesa?

Os peptídeos de defesa do hospedeiro (HDPs: do inglês host defense peptides), também conhecidos como peptídeos antimicrobianos, são pequenos peptídeos de ocorrência natural que desempenham um papel fundamental no sistema de defesa do hospedeiro.


Os HDPs constituem uma das primeiras e principais linhas de defesa contra a invasão microbiana. Além de sua potente ação antimicrobiana, os HDPs também são moléculas imunomoduladoras poderosas, atuando como uma ponte entre a imunidade inata e adaptativa.


Como os HDPs agem?

Os principais mecanismos de ação dos HDPs incluem a morte direta das bactérias e a imunomodulação (note na figura abaixo).


Crédito: Drayton, et al. Host Defense Peptides: Dual Antimicrobial and Immunomodulatory Action. Int. J. Mol. Sci. 2021, 22, 11172.

Dermatite atópica canina

Os HDPs têm sido amplamente estudados em humanos atópicos e, em certa medida, em cães também. Pesquisadores veterinários tem investigado se alterações na expressão e/ou estrutura dos HDPs aumentam a suscetibilidade a infecções cutâneas em cães com dermatite atópica (DA).


Em 2023, o pesquisador Domenico Santoro publicou o primeiro estudo clínico avaliando a quantidade e atividade antimicrobiana dos HDPs no conduto auditivo de cães saudáveis e atópicos. Ele avaliou dois tipos de HDPs: β-defensinas cBD3-like e catelicidina cCath.


O autor observou uma concentração significativamente menor de HDPs nos condutos auditivos de cães atópicos em comparação com cães saudáveis. O estudo sugere que a concentração reduzida de HDPs poderia contribuir para o aumento da suscetibilidade de cães atópicos a infecções de ouvido.


Relação dos HDPs com a microbiota comensal

Pesquisas recentes em humanos têm demonstrado que os microrganismos comensais presentes na pele, influenciam na regulação da expressão e produção de peptídeos antimicrobianos, estimulando indiretamente as defesas imunes, tanto inatas quanto adaptativas. Portanto, o equilíbrio desses microrganismos é essencial para prevenir infecções e promover a saúde cutânea.


Perspectivas futuras: peptídeos antimicrobianos, fármacos do futuro?

Diversos pesquisadores têm descrito os peptídeos antimicrobianos como "fármacos do futuro" devido ao seu potencial para prevenir ou tratar infecções.


Os HDPs possuem ação antimicrobiana de amplo espectro e essas moléculas apresentam potencial tanto sozinhas quanto como adjuvantes de fármacos já existentes. Além disso, o potencial terapêutico dos peptídeos antimicrobianos é altamente valorizado como uma possível alternativa para tratar microorganismos multirresistentes a diferentes fármacos.


Mas até lá, muitos estudos ainda devem ser realizados na dermatologia veterinária.


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Referências

Santoro D, Saridomichelakis M, Eisenschenk M, Tamamoto-Mochizuki C, Hensel P, Pucheu-Haston C; International Committee on Allergic Diseases of Animals (ICADA). Update on the skin barrier, cutaneous microbiome and host defence peptides in canine atopic dermatitis. Vet Dermatol. 2024 Feb;35(1):5-14. doi: 10.1111/vde.13215. Epub 2023 Nov 22. PMID: 37990608.


Drayton, M.; Deisinger, J.P.; Ludwig, K.C.; Raheem, N.; Müller, A.; Schneider, T.; Straus, S.K. Host Defense Peptides: Dual Antimicrobial and Immunomodulatory Action. Int. J. Mol. Sci. 2021, 22, 11172.


Sobre a autora  

Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.


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