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Dermatite atopica canina: saiba tudo sobre a doença

Atualizado: 7 de fev.


O que é dermatite atópica canina? O que é atopia canina?

A dermatite atópica canina (DAC), também conhecida como atopia, é uma doença cutânea inflamatória multifatorial que envolve predisposição genética, alterações imunológicas, alterações na função da barreira cutânea e sensibilização a alérgenos ambientais.


Conceitualmente, a DAC é uma doença inflamatória e pruriginosa da pele, com características clínicas associadas aos anticorpos de imunoglobulina E (IgE), comumente direcionados contra alérgenos ambientais.


Prevalência

A dermatite atópica canina é uma das doenças de pele mais comuns em cães, e conhecida por ser uma dermatopatia alérgica, inflamatória e pruriginosa. As estimativas é de que essa enfermidade oscila entre a 10 a 30% das dermatopatias caninas. Por ter um carácter hereditário, o risco de um cão desenvolvê-la é maior quando ambos os pais são atópicos. O risco é moderado quando apenas um dos pais é afetado e menor quando nenhum dos pais tem dermatite atópica canina.


"Teoria higiênica"

Diversos pesquisadores propoem a teoria higiênica. O que seria essa teoria?


Essa teoria é de que a diminuição da exposição a microrganismos e parasitas na fase jovem e a melhoria das condições sanitárias contribuem para o desenvolvimento de um sistema imunológico desregulado. Essa falta de estímulo adequado pode levar a respostas alérgicas exageradas a substâncias inofensivas, como alérgenos ambientais. Em outras palavras, a falta de desafios imunológicos em idade jovem pode levar a um sistema imunológico hiperativo, que reage de forma exagerada a substâncias comuns do ambiente. Potencialmente levando a uma desregulação imunológica com produção de IgE contra alérgenos ambientais e ao alimento.


No contexto da dermatite atópica canina, a teoria da higiene sugere que a exposição reduzida a microrganismos e parasitas, bem como a falta de diversidade na exposição a alérgenos ambientais, pode contribuir para o desenvolvimento da condição. Cães criados em ambientes "confinados" (interior do domicílio), com pouca interação com outros animais e com uma exposição limitada a diferentes ambientes externos, podem estar mais propensos a desenvolver dermatite atópica.


No entanto, é importante ressaltar que a teoria da higiene é apenas uma das várias teorias propostas para explicar o aumento da incidência de doenças alérgicas. A genética também desempenha um papel importante na predisposição para a dermatite atópica canina, e outros fatores, como a dieta e microbiota cutânea, podem influenciar no desenvolvimento e na gravidade da condição.


O que causa a dermatite atópica nos cães?

A patogênese da DA canina é ainda não está muito bem compreendida. Acredita-se que há fatores genéticos e ambientais envolvidos. Além disso, pesquisas recentes demonstram que cães atópicos apresentam uma barreira cutânea anormal o que facilita a penetração de alérgenos e aumentao contato e exposição a células imunes epidérmicas. Embora a condição exata ainda não seja totalmente compreendida, há várias teorias sobre como ela se desenvolve.


  1. Predisposição genética: A dermatite atópica canina tem uma predisposição genética, ou seja, certas raças de cães têm maior probabilidade de desenvolvê-la. Vários genes estão envolvidos na regulação da resposta imunológica e da barreira cutânea, que estão comprometidas na dermatite atópica.

  2. Resposta imunológica alterada: A dermatite atópica é uma doença alérgica, e uma resposta imunológica desequilibrada é um componente chave na sua patogênese. Em cães com dermatite atópica, o sistema imunológico reage de forma exagerada a substâncias comuns do ambiente, como ácaros, pólens e fungos. Isso leva à liberação de mediadores inflamatórios que causam inflamação e prurido na pele.

  3. Barreira cutânea comprometida: A função de barreira da pele é fundamental para proteger o organismo contra a entrada de alérgenos e irritantes. Em cães com dermatite atópica, a barreira cutânea é comprometida, permitindo a penetração de substâncias alérgicas e irritantes. Isso pode ser devido a anormalidades na estrutura e função da pele, como uma redução na produção de lipídios e ceramidas, que são essenciais para manter a integridade da barreira.

  4. Alérgenos ambientais: A exposição a alérgenos ambientais desempenha um papel importante na patogênese da dermatite atópica canina. Os alérgenos mais comuns incluem ácaros, pólens, fungos. A sensibilização a esses alérgenos leva ao desenvolvimento de uma resposta imunológica alérgica.

  5. Fatores ambientais e estilo de vida: Fatores ambientais, como poluição do ar, umidade, temperatura e irritantes químicos, podem desempenhar um papel na manifestação e gravidade da dermatite atópica canina. Além disso, o estilo de vida do cão, como dieta inadequada, estresse, falta de exercício e contato com substâncias irritantes, também pode influenciar o desenvolvimento e a progressão da doença.

  6. Alterações na microbiota cutânea. Estudos em humanos já demonstraram que a disbiose cutânea (desbalanço na microbiota cutânea) antecede a dermatite atópica em crianças. No entanto, em cães ainda não existem dados suficientes que esclareçam se o processo de disbiose ocorre antes ou depois das manifestações da DA.


Barreira cutânea

Embora ainda não se saiba a exata origem da disfunção da barreira epidérmica em cães atópicos - se é um defeito primário ou um fenômeno secundário resultante da inflamação local - as alterações da barreira cutânea são um dos aspectos mais importantes da patogênse da DAC.


Embora ainda não se saiba os exatos mecanismos que levam à disfunção na barreira, eidências mais recentes sugerem a expressão anormal da filagrina, uma proteína estrutual da pele que tem como principal processo a corneificação dos queratinócitos e liberação do material lipidico intercelular pelos corpos lamelares. Além disso, evidências sugerem que a DA canina também pode estar associada a uma interrupção na produção e função de lipídios epidérmicos.


Disfunção na barreira epidérmica = resulta em maior permeabilidade aos alérgenos e maios perda de água H20 transepidérmica


Raças mais acometidas pela atopia canina

Labrador, West Highland White Terrier, Lhasa Apso, Shih Tzu, Bichon Frisé, Golden Retrievers, Cocker Spaniels, Bulldogs, dentre outros. No entanto, qualquer cão, com raça ou sem raça definida (SRD) pode desenvolver atopia.


A dermatite atópica em cães em geral, não exibe predileção sexual.


Com que idade os cães costumam apresentar DAC?

A idade de início da dermatite atópica canina é tipicamente entre 6 meses a 3 anos.


Principais alérgenos ambientais envolvidos na dermatite atópica

- ácaros da poeira doméstica (Dermatophagoides farinae, Dermatophagoides pteronyssinus, Blomia tropicalis),

- ácaros de armazenamento (Blomia tropicalis, Acaro siru, Glicipahagus domesticus)

- Pólens de árvores, arbustos ou gramíneas (Lolium multiflorum, Paspalum notatum, cynodon dactylon)

- Fungos ambientais

- Toxinas bacterianas


Acredita-se que esse alérgenos adentram via transepidérmica, através do contato desses alérgenos com a pele. Após vencerem a barreira epidérmica, são processados por antígenos e produzem as famosas interleucinas (IL).


Quais são os sinais da Atopia em Cães?

O prurido intenso é um dos principais achados.


Os locais mais acometidos são:

  • Face

  • Patas (região dorsal)

  • Orelhas (face concava do pavilhão auricular)

  • Região Ventral

  • Zona ventral do pescoço

  • Axilas


As lesões dermatológicas comumente observadas são:

  • Alopecia

  • Eritema

  • Escoriação

  • Pápulas

  • Máculas eritematosas

  • Liquenificação

  • Hiperpigmentação


A otite externa costuma estar presente em mais de 50% dos cães atópicos. Além disso, infecções bacterianas secundárias pode ser observada em 40 a 60% dos casos.



Como diagnosticar atopia?

Não existe um exame que identifique a dermatite atópica, o diagnóstico é sempre clínico. Deve-se associar os dados de anamese, histórico compativel (raça, idade do surgimento das lesões, etc) e sintomatologia clínica. Além disso, é importante fazer a exclusão de outras dermatopatias pruriginosas como escabiose, DAPP (dermatite alérgica à picada de pulgas), dermatite trofoalérgica, dermatite de contato e piodermite.




Tratamento para atopia canina

O tratamento adequado da doença geralmente requer uma abordagem individualizada e multifacetada, que inclui controle ambiental, manejo dos sintomas, melhorar a barreira cutânea, uso de medicamentos (como corticosteroides, ciclosporina, imunomoduladores, etc) e possivelmente a identificação e exclusão de alérgenos específicos da dieta do cão. Consulte esse post específico sobre tratamento


Qual a abordagem nutricional mais adequada para atopia canina?

Em breve! Aguarde!


Perguntas frequentes da internet


Como tratar dermatite atópica canina?

O tratamento envolve uma combinação de fatores como uso de anti-pruriginosos (corticoide, ciclosporina, oclacitinib, etc), controle das infecções fúngicas e bacterianas (shampoos e/ou antibióticos), tratamento da barreira cutânea, redução da carga alérgica, controle de ectoparasitas, nutracêuticos (reposição de ceramidas, ômegas, etc), imunoterapia alérgeno-específica, dentr outros.


O que causa dermatite atópica nos cães?

A dermatite atópica canina é uma doença que envolve predisposição genética, alterações imunológicas, alterações na função da barreira cutânea e sensibilização a alérgenos ambientais.


O que piora a dermatite atópica em cachorro?

A dermatite atópica em cães pode piorar devido a exposição a alérgenos, presença de pulgas e outros ectoparasitas, presença de infecções bacterinanas secundárias, etc.


Sobre a autora

Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.


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Referências bibliográficas

Marsella R. Advances in our understanding of canine atopicDermatitis. Vet Dermatology, 2021


Hillier, A, Griffin, CE. (2001) The ACVD task force on canine atopic dermatitis (1): Incidence and prevalence. Veterinary Immunology and Immunopathology 81: 147-151.


Picco, F, Zini, E, Nett, C, Naegeli, C, Bigler, B, Rufenacht, S, et al. (2008) A prospective study on canine atopic dermatitis and food-induced allergic dermatitis in Switzerland. Veterinary Dermatology 19: 150-155.






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