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O que há de novo sobre o tema eixo pele-intestino em cães?

Atualizado: 4 de nov. de 2023

Em uma pesquisa recente publicada pela Dra Chiara Noli e colaboradores, foi avaliado a microbiota intestinal de cães alérgicos pré e pós uma dieta comercial hipoalergênica (à base de proteína de peixe hidrolisada e arroz).


🔑 Alguns achados e conclusões dessa pesquisa segundo os autores:

💡Cães com alergias de pele possuem uma microbiota fecal diversa, principalmente composta por: Bacteroidetes, Fusobacteria, Firmicutes e Proteobacteria.


💡 Escherichia-Shigella foi encontrada em maior proporção em cães com dermatite atópica canina e sugere-se uma possível correlação com a condição alérgica.

💡 A diversidade beta (diferença na composição microbiana entre diferentes amostras) não diferiu entre os grupos clínicos nas amostras pré-dieta.

💡 Após a administração de 8 semanas da dieta comercial, relatam haver um aumento nas bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta (SCFA) em todas as amostras.


💡 Os autores sugerem que existem alterações na microbiota que podem ser moduladas pela administração da dieta em questão, potencialmente contribuindo para a melhora dos sintomas dermatológicos nesses cães.


Pra mim um dos achados mais intrigantes é que não houve diferença estatística na diversidade beta entre os grupos clínicos nas amostras pré-dieta. Ou seja, tecnicamente a composição da microbiota intestinal de cães atópicos e cães com alergia alimentar é bastante similar.


Apesar da beta diversidade mostrar uma similaridade global entre as microbiotas dos dois grupos, certamente existem gêneros bacterianos específicos que podem estar associados a essas dermatopatias, como até foi o caso da Escherichia-Shigella. Esse estudo abre perspectivas para que outros gêneros bacterianos (e até fúngicos) sejam investigados no futuro pra quem sabe até servirem como marcadores biológicos para a diferenciação diagnóstica dessas alergopatias em cães.


Devo enfatizar que são dados preliminares e os próprios autores reconhecem que o intervalo de tempo de 8 semanas pode não ser suficiente para averiguar uma mudança clara na microbiota (e penso que até averiguar estabilidade).


Acredito que o eixo pele-intestino merece todos os holofotes das pesquisas e do mercado, mas sabendo que a dermatite atópica é uma doença complexa e multifatorial, acredito que novas validações são importantes sobretudo pensando em estudos que envolvam um maior n amostral e até estudos multicêntricos envolvendo cães de distintos perfis e localidades geográficas.


Ref: Noli et al 2023. Analysis of Intestinal Microbiota and Metabolic Pathways before and after a 2-Month-Long Hydrolyzed Fish and Rice Starch Hypoallergenic Diet Trial in Pruritic Dogs. Veterinary Sciences



Sobre a autora

Dra Aline Santana é médica veterinária formada pela Universidade Federal de Viçosa, com residência em clínica médica de pequenos animais pela mesma instituição. Possui mestrado e doutorado em Ciências pelo Departamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, com período de intercâmbio realizado no exterior (University of Minnesota, Estados Unidos). Desde 2012, Dra. Aline Santana é sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV). Durante o período de 2015 a 2021, atuou como diretora de mídias e colaboradora da SBDV.


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